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http://pt.wikipedia.org/wiki/Herberto_H%C3%A9lder
Faz hoje, precisamente, uma semana, estava na minha casa em Lisboa, passando os olhos pelas lombadas dos muitos livros da minha biblioteca( um dos meus bens mais preciosos, para mim....claro ), tentando decidir quais seriam os felizardos que , no dia seguinte, viajariam ate Londres. Parei num de lombada grossa , intitulado Obra Poetica de Herberto Helder, da editora Assirio e Alvim. Peguei nele, folheei, deixei que os olhos percorressem algumas paginas, e sobretudo, revivi momentos. Pensei no homem que me apresentou aquele livro, lembrei-me que o tempo era sempre curto para as nossas conversas sobre livros e escritores.
Herminio Monteiro, que infelizmente, partiu bastante cedo, era a cara da Assirio e Alvim, naquela `epoca. Aquela editora intrigava-me. Eu conhecia bem o mundo editorial portugues. Tinhamos boas editoras, mas duma forma geral toda a gente se preocupava muito com o aspecto comercial.
A Assirio, porem, apostava em obras que, dificilmente, os outros apostariam. Agradava-me aquela postura.
Foi num desses encontros que soube da existencia do Herberto Helder.
Hoje fiquei triste por saber que partiu. Digo partiu, porque quem deixa o legado que ele deixou, nao morre.
Lembrei-me que o tal livro que folheei , uma semana atras, ficou em Lisboa. Como `e muito volumoso, e o espaco `e sempre pouco, para tudo o que quero trazer, optei por outros. Agora gostaria de o ter aqui.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Traz a jaqueta elegante
O colarinho engomado
A guitarra, e num instante
Começa a cantar o fado
Olhar de conquistador
Seu sorrir malicioso
Tem no coração a dor
No corpo o jeito vaidoso
Tira da trouxa emoções
Do alforge saca o charme
Chama a si as atenções
E não há quem o desarme
Como se no campo andasse
Cuidando toiros de raça
Dá piropos a quem passe
Espalha no ar sua graça
Altivo mas bem disposto
Cativante o seu cantar
Esconde no peito o desgosto
Dum amor por inventar
Tudo pára quando chega
Escutam-no com fervor
É campino, não se apega
Mas distribui muito amor
E no canto mais escuro
Da sala onde deslumbra
Vai-lhe inventando o futuro
A cigana, na penumbra
BL
Poema, gentilmente, dedicado á classe política
Não batam mais no ceguinho
O tema já não é novo
Sabem lá com que carinho
Andamos roubando o povo
Porque o Zé não saberia
O que fazer, pois então
A gente sempre alivia
A sua preocupação
O dinheiro na mão do povo
Só serve para atrapalhar
Tanto o velho como o novo
Sabem lá onde o gastar !
Não é flor p'ra cheirar
Esta nossa profissão
Qualquer um sabe roubar
De fato e gravata....não !!!
BL
Vai um cheirinho???
Ai tem......
Escorre nos vidros da janela
Água pura e transparente
Pela face, tal como ela
Escorre o que a alma sente
Chega sem ser esperada
Pára quando quer parar
É como menina mimada
Que ninguem pode domar
Baixa a poeira da estrada
Faz renovar a paisagem
Se no campo é desejada
No burgo nem de passagem
Nem todos pode agradar
Se chega em dia de festa
No seu singelo pingar
A uns molha, outros refresca
Oh chuva, chuva, chuvinha
Chuva miudinha miudinha
Dancando assim molhadinha
Vem regar a minha hortinha
BL