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Da esquerda para a direita
1- ?
2-eu
3- ?
4-Ze Antonio
em pe- Maria dos Anjos
Ao longo da vida vamos tendo varios amigos. Encontramos uns, perdemos outros, e outros ainda, ficam pela vida toda.
Nesta foto encontram-se aqueles que foram os meus primeiros amigos, tanto quanto me lembro.
Foi tirada no meu quintal , no Bairro de Almeirim, no mumero 22 da rua de Santo Antonio, em Evora.
Provavelmente foi tirada pelo vizinho Almiro que morava em frente, tinha um filho chamado Jorginho, e era fotografo.
Ele e a esposa, vizinha Maria, foram das primeiras pessoas a ter televisao la no bairro.
Foi em casa deles que eu e muitas outras pessoas la da rua, vimos a chegada do primeiro homem `a lua.
Voltando `a foto, o Ze Antonio e a Maria dos Anjos, eram irmaos e viviam na casa ao lado, e as portas de tras das nossas casas davam para o mesmo quintal.
As outras duas meninas eram primas deles, e estavam apenas de visita.
A vizinha Maria Joana, mae dos meus amigos, fazia umas batatinhas de borrif`o, que suspeito, tenham sido inventadas por ela, e que cheiravam por toda a vizinhanca, abrindo o apetite a toda a gente.
Eu era convidada de honra sempre que ela cozinhava as ditas batatas.
Estou convencida que ali nasceu a ideia para as batatas fritas, com sabor a vinagre, que actualmente se vendem em pacotes.
Nao sei bem a receita, mas sei que consistia em batatas fritas em casa, em rodelas grossas, passadas na frigideira, com uma folhinha de louro e borrifadas com vinagre.
Nao sei se levavam mais algum ingrediente.
Esta `e uma das varias coisas que ainda guardo na memoria, relativamente a esta familia.
Gostava de ainda voltar a ver estes amigos. A ultima vez que os vi, foi ha uns bons quarenta anos; eu vivia na Damaia e eles na Amadora. Depois perdi-lhes a pista.
Gostava sobretudo, de dizer ao Jose Antonio, que aquele banco de pedra, onde estamos sentados, e o respectivo muro, provavelmente ainda la estao no mesmo sitio, sem que nenhum de nos, nunca mais, tenha querido saber dele.
Isto porque ele gostava de me azucrinar a paciencia, dizendo-me:
- este muro `e meu....este banco `e meu....
Ao que eu um dia lhe perguntei:
-Ai `e? Foi o teu pai que fez com uma colher daquelas de tapar os buracos dos ratos?
( Referia-me `a colher de pedreiro, com que via, la no monte, o meu avo a encher de cimento, os buracos que os ratos faziam na parede do celeiro, junto ao chao).
Ja nesta altura mexia com o meu sistema nervoso, a forma como funciona ( ou nao funciona) o cerebro do sexo oposto . Ora o que `e que interessa quem fez, ou de quem `e??? Esta ali para as pessoas usarem !
Do lado da minha casa tambem havia um muro igual, mas nao tinha banco, e eu gostava de ir para
o banquinho, nao so pela companhia, mas tambem para me sentar.
Quem construiu o banco, que penso ter sido o meu tio Silvano e o cunhado Vale de Moura, colocou incrustado no cimento, a meio do banco, uma moeda de dois tostoes e uma de um tostao, a que eu achava piada. Varias vezes tentei arranca-las com a unha......missao impossivel.
Agora que ja sou grande, `e que percebo a intencao dos artistas....queriam dizer que alguem la deixou " os tres vintens " , forma corriqueira de se dizer virgindade.
Tinham sentido de humor
Quando eu era miuda, havia la no meu bairro um pe de " rapazinhos ".
Talvez houvesse mais, ja nao me lembro, mas aquele eu nao esqueci.
Ficava em frente `a mercearia do Pintado, na esquina oposta.
Nessa casa morava uma miuda mais ou menos da minha idade, chamada Mercedes.
A casa dela fazia esquina e tinha um quintal que se prolongava ate quase a barbearia.
Na vedacao do quintal, la estava o pe de " rapazinhos ", metade para o lado de dentro e outra metade , ou mais, para o lado da rua.
Sempre que por ali passava, era mais que certo que roubava umas quantas florinhas.
Puxava a florzinha e chupava-lhe o pe. Era doce.
Tal como se fazia com o caule das azedas, so que neste caso o sabor era acido.
Cresci, ja dei tantas voltas na vida, e nunca mais me lembrei daquelas florinhas vermelhas.
No ano passado andava, num garden centre, procurando umas roseiras para plantar no meu jardim, qual nao `e o meu espanto, quando dou de caras com um vaso de " rapazinhos ".
Mas que grande alegria senti !!!
`E claro que veio comigo, plantei-o, e esta enorme, tal como se pode ver nas fotos tiradas hoje.
`E bom ter junto de nos coisas que nos manteem as memorias de infancia.
Sempre que vou a Portugal, mais propriamente a Evora, volto inspirada....
Por isso o Maria's Cafe, esta a servir hoje, migas de espargos com carne de alguidar, e uma sopita de abobora com sabor a coentros.
`E preciso mostrar aos ingleses o que `e a comida portuguesa, neste caso...alentejana.
Que saudade tinha da minha cidade.
Como `e reconfortante pisar de novo as pedras da sua calcada.
Como sabe bem rever rostos familiares.
Encher os pulmoes do ar quente que quase me sufoca.
E as lembrancas desfilam.
E a marca dessa ausencia cravada na minha alma.