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CIUME

por sopa-de-letras, em 19.04.13

AS CANCOES DE ANTONIO BOTTO

 

Não queiram saber quem ele é.

Deixem-no andar

No tristíssimo segredo

Que o meu coração

Tem guardado avaramente!...

Quem ele é? - Não perguntem.

É um sonho, uma ilusão,

- Não é ninguém! Não é gente.

E teimam em perguntar

Quem é que assim me domina

Com tamanha realidade?

Não é ninguém! É um sonho

Que anda a ficar em saudade!

Em Ciúme

As Canções de António Botto

publicado às 13:56


GENTE DO RIBATEJO

por sopa-de-letras, em 19.04.13

 

O Campino

 

 

Campino do Ribatejo!

Figura que nasce e morre

Nos campos da beira-mar!

Tão portuguesa e tão bela

Na sua simplicidade

Que até na sua pobreza

Nunca sabe mendigar!

Entre cavalos e toiros

Na lezíria assoalhada

A sua figura esbelta

Tem um encanto infinito:

Barrete verde; o colete

Encarnado sobre a neve

Da camisa de algodão;

Jaleca bem recortada,

Meia branca, os albardões,

As esporas, o calção

Azul cobalto justinho

E a cinta escarlate quente

Da cor do sangue ou do vinho.

Além, naquele valado,

As papoilas e o junquilho

Fazem trofeu, há mais luz!

Um harmónio no fadango

Vibra e salta no compasso

Magoadamente agitado!

Anda no ar o farrapo

Dolente de uma cantiga

Mordida pelo ciúme!

E o fandango vai dançado!

Ninguém se mexe. Só ele,

Bamboleado, rirail

Desempenado, perfeito,

- E as pernas? Como ele as dobra?

E aquela curva do peito?

Trás um cravo na orelha,

E dança, dança, - o harmónio

Vai-lhe graduando o alento,

A luz perturba, - mulheres

Ficaram mudas a olhá-lo!

A garotada assobia

Acentuando o mitovo

Musical, mas, a preceito;

E o Sol, apesar do dia

Nascer fosco e marralheiro,

Parece lume! - O fandango

Com a graça de um campino

É Portugal verdadeiro!

Ódio e Amor, Edições Ática, 1947

publicado às 13:39


AMAR OU ODIAR

por sopa-de-letras, em 19.04.13

FAUSTO GUEDES DE TEIXEIRA

 

AMAR OU ODIAR

Amar ou odiar: ou tudo ou nada!

O meio termo é que não pode ser

A alma tem d’estar sobressaltada

P’ra o nosso barro se sentir viver.

 

Não é uma cruz a que não for pesada,

Metade dum prazer não é um prazer;

E quem quiser a alma sossegada

Fuja do mundo e deixe-se morrer.

 

Vive-se tanto mais quanto se sente;

Todo o valor está no que sofremos…

Que nenhum homem seja indiferente!

 

Amemos muito, como odiamos já:

A verdade está sempre nos extremos,

Porque é no sentimento que ela está

publicado às 13:15


O FADO CANTADO PELO CHARLES AZNAVOUR

por sopa-de-letras, em 19.04.13

publicado às 12:59