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A Morte do Zé Maria
Uma lenda por Francisco Letras
Morreu hoje o Zé Maria num asilo em Aljustrel,
Baixo Alentejo, Portugal,
Sería a saudade e o desanimo, talvez a velhice ou um desejo
Que o levou ao ponto final.
Enrugado e isolado, pelo asilo abandonado
Por familia sempre ocupada, e sem o poderem vir ver,
Coitado pra li ficou e a vida desbobinou, a sofrer até morrer.
O Zé Maria foi filho, foi pai, avo, foi irmão,
Foi estudante e soldado, trabalhador, empregado, foi escoteiro e foi cristão,
Foi dono de um chafariz que ainda hoje condiz em cima de um barrancão,
E dizem que quando, defendeu o seu paíz, que o fez com distinção.
Sem balas suficientes, defendeu um montão de gente
De um ataque terrorista, e á base da sua coragem, manteu outra vez a vantagem
Ao governo facista.
Depois da revolução voltou para a sua nação cheio de honra e de esperança,
Mas dentro da democracia sentiu tanta patifaria que sózinho emigrou pra França.
Tudo o que para lá ganhou, e o pouco que lá poupou mandou para o seu pessoal,
Até que já velho e cansado, completamente estourado retornou á sua terra natal.
Tería comprado uma casinha, pequena, caiada, coitadinha
De aparencia muito singela,
As ambições do pessoal, logo se mostraram a final ao
Resolverem se ver livre de ela.
A casa do Zé Maria, entre a velha padaria e a farmácia do Manel Danilo,
Venderam-na com lucro calculado,
E o Zé Maria coitado lá foi caír pró asilo.
Dizem que morreu de desgosto, pois aí esteve desde agosto
Sem visitas receber,
Um homem que deu tanto amor,
Despendido com rancor,
Não dá para perceber.
E foi então nest dia
Que o nosso amigo Zé Maria
Chegou ao seu ponto final
Apesar de ser bonzinho
Morreu abandonado e sózinho
Em Aljustrel, Portugal.
Chico Letras
12.06.2017
21h